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Penápolis - SP
O valor da qualidade!

André Luis Locateli1
Lucas Ferriani2
Guilherme Gonçalves Júnior3

Nos últimos anos muito se escutou sobre tendências e exigências de mercado dentro da cadeia produtiva da carne bovina. Padronização de produto, agregação de valor e remuneração pela qualidade se tornaram termos comuns no vocabulário dos agentes do setor. Simultaneamente, talvez até ambiguamente, este foi também um período em que as margens e o retorno do produtor foram sofrendo constantes achatamentos.

O sonho da transformação das potencialidades e diferenciais do produto brasileiro em vantagens reais de mercado, e o pesadelo da perda de poder aquisitivo e de rentabilidade fizeram com que a pecuária brasileira desse um grande salto.

Talvez mais por força, do que por opção, muita tecnologia foi assimilada, e de forma muito rápida. O setor produtivo ganhou em eficiência, produtividade e profissionalismo.Porém, uma questão continuava povoando as mentes e as conversas dos produtores: Quando seremos enfim remunerados pela qualidade?

Esta foi a questão que despertou o interesse para este nosso breve estudo.

Os maiores grupos frigoríficos do país têm passado a adotar tabelas que oferecem prêmios (sobre-preço ao valor da arroba praticado) aos produtores que fornecem animais dentro de padrões pré-estabelecidos.

Não pretendemos entrar aqui no detalhamento destas tabelas e nem no mérito da grandeza das premiações oferecidas. Via de regra, os padrões de carcaça estabelecidos como ideais, e para os quais se oferece sobre-preço, variam de acordo com o mercado acessado por cada grupo frigorífico.

Nosso objetivo é ilustrar que, com transparência e objetividade, é possível se buscar melhorias para toda a cadeia – do produtor ao consumidor. A partir de uma sinalização do mercado, produtor e indústria direcionam sua produção e ampliam a eficiência de atendimento de seus clientes diretos e indiretos, podendo assim pleitear a agregação de valor aos seus produtos.

Esta é a proposta do Programa de Qualidade Nelore Natural (PQNN), desenvolvido e gerenciado pela ACNB - Associação dos Criadores de Nelore do Brasil - fazer a interlocução entre o consumidor final e o setor produtivo de forma a contribuir para a organização da cadeia e a otimização dos processos, agregando valor para todos os envolvidos.

Os números utilizados neste estudo são dados reais de produtores participantes do PQNN e mostram que o Programa tem atingido seus objetivos: orientar os produtores quanto ao padrão animal demandado pelo mercado, contribuir para a melhoria da matéria-prima que chega à indústria e fornecer ao mercado um produto diferenciado, com origem conhecida e qualidade controlada.

A Tabela 1 apresenta o número de animais e a evolução no índice de classificação Nelore Natural de um produtor participante do PQNN, escolhido aleatoriamente entre os maiores fornecedores do Programa, cujos dados são utilizados nesta simulação.

Vale lembrar aqui o padrão animal preconizado pelo PQNN: animais Nelore com até 6 dentes incisivos permanentes, com acabamento de gordura na carcaça com espessura de 3 a 9 mm e peso entre 16 e 19@.

Analisando-se as tabelas de premiações praticadas no mercado, observa-se que um padrão comum, para machos castrados, valorizado pela maioria dos frigoríficos, é composto por um animal com até 4 dentes incisivos permanentes, peso entre 17 e 19@ e com acabamento de carcaça mediano ou uniforme (3 a 9mm). Padrão este que alcança um sobre-preço de cerca de 2% sobre o valor da arroba praticado. Esta é a referência que utilizamos neste estudo.

Com base no desempenho dos animais ofertados para abate pelo produtor participante do PQNN e na premiação citada acima, faremos então uma simulação dos ganhos adicionais obtidos com a adoção de um sistema de remuneração pela qualidade, cujos resultados são apresentados na Tabela 2.

Para efeito de cálculo, utilizou-se como referência o peso médio por animal de 18@ e o valor médio de mercado da arroba do boi à prazo (30 dias), segundo levantamento feito pelo CEPEA/ESALQ.

O estudo apresentado simulou os resultados, levando-se em conta um único padrão, para a categoria animal de machos castrados, considerando apenas as características de peso, idade e acabamento. Outras variáveis como homogeneidade do lote, raça, sistemas de alimentação, distância dos animais da indústria, contusões nas carcaças, qualidade do couro, bem estar dos animais, certificações, entre outras, podem também ser consideradas nos sistemas de remuneração pela qualidade, adotados por cada grupo frigorífico. Eventualmente, penalizações também podem estar previstas.

Mas a principal mensagem é que o mercado efetivamente já remunera de forma diferenciada a qualidade ofertada dentro de padrões pré-estabelecidos, e que este montante é significativo; portanto, vale a pena estar atento a isso. Vale também pontuar a crescente tendência pela valorização de produtos produzidos de forma natural, sustentáveis do ponto de vista ambiental e social.

O desafio do produtor daqui em diante é, cada vez mais, olhar além dos limites da porteira. Ponderar as oportunidades, planejar o futuro e agir no presente! Esta é a nova regra.


1 Zootecnista formado pela FZEA/USP, Especialista em Gestão Empresarial em Agribusiness pela FGV, Gerente Executivo da ACNB.
2 Zootecnista formado pela FCAV/UNESP, Mestre em Melhoramento Genético Animal pela FCAV/UNESP, Gerente de Produto da ACNB.
3 Zootecnista formado pela UCG, Gerente de Produto da ACNB.


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