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Formação de pastagens nas terras pretas

João Carlos Marson1

Popularmente conhecidos por “terras pretas”, solos encontrados na região do chaco paraguaio e nas áreas de influência da Serra da Bodoquena, no Mato Grosso do Sul, ganharam notoriedade por serem freqüentemente associados a terras de alta fertilidade química e elevados índices de saturação em bases (eutróficos).

Embora tenham a mesma cor escura, as “terras pretas” agrupam várias classes de solos, cada qual com suas características. O manejo generalizado e o uso de espécies forrageiras não adaptadas podem ser os grandes responsáveis por freqüentes insucessos na implantação e perenização de pastagens.

Por serem argilosas, têm no relevo um importante fator na dinâmica da água no solo, pois a drenagem vertical é lenta e ineficiente, tornando-a dependente das cotas para escoar.

Nas áreas drenadas, onde se observa a pigmentação bruno-avermelhada em profundidade no perfil (embora a camada superficial seja escura em função dos altos teores de matéria orgânica) e apresentam estrutura física e cerosidade bem desenvolvidas, encontramos a classe dos Chernossolos. São áreas que não apresentam dificuldades na mecanização e plantio. Os desejáveis níveis de macro e micro nutrientes normalmente encontrados sugerem, no entanto, prudência em relação à disponibilidade de Molibidênio (Mo), devido ao ambiente freqüentemente neutro a alcalino. Indicadas para gramíneas de alta produção (ex: Panicum maximum, Cynodon). Esses solos podem apresentar, em subsuperfície, uma camada de calcário intemperizado – sendo então caracterizados como Rendzinas (Chernossolo Rêndzico). Estes requerem cuidados especiais em seu manejo, pois quando lavrados em profundidade podem trazer o calcário à superfície, alcalinizando demasiadamente o solo. Se drenados, não apresentam restrições ao cultivo de espécies forrageiras, por não possuírem raiz pivotante.

Os solos mal drenados apresentam perfis de cor preta ou acinzentada, resultado da influência de água por longos períodos. A topografia normalmente é plana, podendo ainda apresentar microdepressões, chamadas dolinas. Quando apresentam grandes concentrações de argila expansiva 2:1, que trincam e/ou fendilham quando seco - característico de Vertissolos - são de difícil mecanização, pois os limites de umidade ótima para serem trabalhados são pequenos, o que resulta um preparo inadequado na maioria das vezes. Quando muito úmido é de difícil trafegabilidade e, quando seco, resulta na formação de torrões de difícil esboroamento. A observação das condições de umidade e a disponibilidade de máquinas são determinantes no sucesso da operação. O encharcamento temporário na época das chuvas é seguido de longo período de déficit hídrico, sugerindo o uso da Brachiaria humidícula, por ser razoavelmente tolerante às duas situações. Tal circunstância limita o uso de espécies adaptadas ao encharcamento, como B. mutica, Setaria anceps e P. repens, e as exigentes em aeração a exemplo da B. brizantha e P. maximum.

Estes solos constituídos de argila de alta atividade podem também apresentar o caráter sódico (grande concentração de sal). A aplicação de gesso indicada para dessalinização nem sempre é aplicável, pois normalmente faltam cotas mais baixas para viabilizar a drenagem. Aqui o micro relevo é acentuado e nas depressões ocorre um maior acúmulo de sal, disponibilizando a água do sistema de forma irregular às plantas. A sistematização do terreno, além de cara, não elimina a salinidade. Sugerimos o uso de gramíneas mais tolerantes como Paspalum plicatulum e Brachiaria humidícula, conscientes de que não vamos obter um stand homogêneo de imediato.

Outro agravante dos solos mal drenados é a presença do capim Santa Fé (Paspalum virgatum), invasora muito adaptada que apresenta ressurgência alta nos programas de reforma de pastagens, conseqüência principalmente da lenta formação da B. humidícula. Nestes casos, pode-se utilizar como parceiro o capim Tanzânia (concorrente inicial da invasora, liberando gradativamente espaço para B. humidícula), e a Alisyscarpus (leguminosa anual que mantém boa taxa de ressemeadura).

Independente das peculiaridades (algumas acima citadas) inerentes às “terras pretas” é imprescindível eleger práticas e espécies adequadas para o plantio, além de conscientização da importância do uso de sementes certificadas de qualidade e com pureza varietal.

1Engenheiro agrônomo e diretor da fazenda Bodoquena (Miranda-MS), do Grupo Votorantim


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